Perfil atribuído ao Comando Vermelho reaparece nas redes; polícia diz que houve erro de identificação de corpos
Rio de Janeiro, RJ — Penélope — conhecida nas redes como “Japinha do Crime” ou “Musa do CV” — não consta entre os mortos na megaoperação policial realizada nos Complexos da Penha e do Alemão, na terça-feira (28). Apesar de relatos e imagens que circularam nas redes sociais apontando sua morte, autoridades afirmam que houve erro de identificação de um corpo, que foi divulgado equivocadamente como sendo da mulher.
Relatório do Instituto Médico-Legal (IML) aponta que todos os 117 suspeitos mortos na ação eram homens; entre as vítimas também estão quatro policiais. A Polícia Civil informou que a imagem que circulou e foi reproduzida por diversos perfis nas redes sociais corresponde, na verdade, ao corpo de Ricardo Aquino dos Santos, de 22 anos, natural da Bahia, que tinha antecedentes criminais e mandados de prisão.
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| Polícia Civil do Rio de Janeiro confirmou que não havia nenhuma mulher entre os mortos na Operação Contenção realizada nos Complexos da Penha e do Alemão. Foto Repródução - redes sociais. |
Reaparecimento nas redes e críticas à operação
Fontes de segurança e checagens feitas por redes jornalísticas confirmaram que o perfil atribuído a Penélope segue ativo. Nos últimos dias, a conta identificada como dela publicou fotos pessoais, vídeos e registros com o namorado, além de mensagens em que critica a operação. Em uma publicação na plataforma X, ela escreveu: “Vai morrer polícia e bandido e o crime não vai acabar”, frase que foi amplamente compartilhada e debatida.
Segundo relatos apurados, Penélope vinha sendo apontada em investigações como uma das responsáveis pela proteção de rotas de fuga e defesa de pontos de venda de drogas na região da Penha, cargos que a polícia associa ao fortalecimento do Comando Vermelho naquela área. Entretanto, a mulher não constava na lista de 69 integrantes apontados pelo Ministério Público como líderes ou integrantes relevantes da facção — lista que motivou prisões e buscas durante a operação.
Repercussão política e de segurança
A megaoperação, que mobilizou efetivos da Polícia Civil e Militar no fim de outubro, provocou ampla repercussão nacional e críticas de setores da sociedade e da política. Autoridades públicas e representantes do governo federal e estadual trocaram declarações sobre métodos e resultados da ação; vozes críticas classificaram o episódio como excessivo, enquanto defensores afirmaram tratar‑se de resposta forte ao crime organizado.
Fontes de segurança consultadas pela reportagem disseram que as operações de grande porte visam desarticular organizações criminosas e apreender arsenal, mas reconhecem que ações dessa escala exigem coordenação rigorosa para evitar erros de identificação e abusos.
Verificação de identidades e investigação em curso
A identificação equivocada de corpos nas redes sociais levou a confusões e à circulação de informações imprecisas em sites e perfis, segundo investigadores. A Polícia Civil reforçou que os procedimentos de identificação e ofícios ao IML foram seguidos e que imagens isoladas não substituem os laudos oficiais — procedimento que, no entanto, não impediu a rápida disseminação do erro nas redes.
As investigações sobre a megaoperação e os episódios ocorridos continuam em andamento. Autoridades de segurança informaram que apurações administrativas e criminais poderão ser instauradas para esclarecer eventuais excessos, falhas de procedimento e atos ilícitos cometidos por integrantes das facções ou mesmo por integrantes das forças de segurança.
O Diário da Cidade aguarda posicionamentos oficiais
O Diário da Cidade entrou em contato com a Polícia Civil e com a coordenação da operação e solicita espaço para eventuais posicionamentos oficiais sobre a identificação equivocada e sobre a presença de Penélope nas listas investigativas. O espaço também está aberto para manifestação de pessoas e organizações citadas.


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