Amanda Eduarda faleceu após ser imobilizada por zelador em condomínio no bairro Parque Faber
Na manhã da última segunda-feira (21), a travesti Amanda Eduarda, de 28 anos, morreu após ser imobilizada por um zelador durante uma tentativa de invasão a um prédio de alto padrão no bairro Parque Faber, em São Carlos (SP). O boletim de ocorrência do caso aponta que a causa da morte foi asfixia mecânica por sufocação indireta, decorrente de um golpe conhecido como "mata-leão", desferido pelo funcionário do condomínio.
De acordo com o atestado de óbito, a médica legista confirmou que Amanda faleceu em decorrência da asfixia. O zelador envolvido chegou a ser preso, mas foi liberado após passar por audiência de custódia. Ele agora responderá ao processo em liberdade, mediante cumprimento de medidas cautelares, como o comparecimento mensal em juízo, além da proibição de mudar de endereço sem comunicação prévia ao tribunal.
Comportamento agressivo e tentativa de invasão
Testemunhas relataram que Amanda apresentava um comportamento agressivo antes de tentar invadir o edifício. Inicialmente, ela havia tentado entrar no Shopping Iguatemi, mas foi barrada. Em seguida, dirigiu-se ao prédio nas proximidades e, conforme relatos, teria entrado no local através de uma janela. Na tentativa de contê-la, o zelador aplicou o golpe "mata-leão" e a imobilizou com o joelho sobre o tórax. A ação foi gravada pelas câmeras de vigilância do condomínio.
A Polícia Militar foi acionada e, ao chegar no local, encontrou Amanda desacordada. Os policiais prestaram os primeiros socorros, incluindo massagem cardíaca, mas não obtiveram sucesso. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi chamado e constatou o óbito no local.
Investigação e consequências legais
O corpo de Amanda foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de São Carlos, onde o laudo confirmou a causa da morte como asfixia por sufocação indireta. A defesa do zelador, que não foi localizada até o momento para comentários, deverá seguir as determinações judiciais impostas após a audiência de custódia.
O caso continua sob investigação, e as imagens das câmeras de segurança serão analisadas para esclarecer as circunstâncias exatas da morte.
ONG exige investigação transparente e rigorosa
A Associação da Parada da Diversidade São Carlos (APOLGBT) se manifestou nas redes sociais, lamentando profundamente a morte de Amanda Eduarda. A ONG pediu que o caso seja investigado de forma transparente e rigorosa pelas autoridades competentes, ressaltando a importância de justiça e clareza sobre as circunstâncias que levaram à morte da jovem.
Veja abaixo a nota divulgada pela APOLGBT:
"Com profundo pesar, a APOLGBT São Carlos lamenta a perda de Amanda Eduarda, 28 anos, que nos deixou esta manhã.
Infelizmente, o Brasil continua sendo o país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo. A estatística é cruel: a expectativa de vida de uma pessoa trans no Brasil é de apenas 35 anos.
Mas não aceitaremos essas estatísticas como destino! Continuamos lutando para vencer esses números, para garantir direitos, respeito e vida para nossa comunidade.
Exigimos investigação rigorosa e transparente para apurar os verdadeiros motivos deste óbito.
Reclamamos posicionamento firme e ação efetiva da Secretaria da Cidadania e demais órgãos municipais.
A APOLGBT SÃO CARLOS, apresenta condolências sinceras aos familiares e amigos enlutados.
Amanda Rios, sua memória e luta permanecerão conosco.
Juntos, vamos vencer as estatísticas! Vamos lutar por vidas dignas e seguras para todas as pessoas LGBTQIAPN+ Em respeito e solidariedade,
APOLGBT São Carlos"
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