Brutalidade e revolta popular marcam o caso da mãe que assassinou o próprio filho em suposto ritual macabro
A cidade de João Pessoa (PB) foi palco de uma das tragédias mais brutais dos últimos tempos, que chocou o Brasil inteiro. No dia 20 de setembro de 2024, Miguel Ryan, de apenas 6 anos, foi cruelmente assassinado pela própria mãe, Maria Rosália Gonçalves Mendes, de 26 anos, em um suposto ritual macabro dentro de sua residência. O crime horrendo aconteceu durante a madrugada, quando vizinhos ouviram os gritos de socorro da criança e acionaram a polícia.
Maria Rosália tirou a vida do próprio filho dentro de um apartamento no bairro Mangabeira IV, em João Pessoa — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução. |
O Crime
Segundo relatos da Polícia Militar, ao chegar no local, os agentes se depararam com uma cena aterrorizante: Maria Rosália estava sentada com a cabeça do filho no colo, após decapitá-lo. Além disso, o corpo do menino apresentava duas perfurações no coração, sugerindo um ritual macabro. Um gato, que também estava agonizando em um dos cômodos, foi encontrado no local, elevando ainda mais a suspeita de que outros animais poderiam ter sido sacrificados.
De acordo com a delegada Luisa Correia, que está à frente da investigação, vizinhos afirmaram que Maria escutava músicas ritualísticas e parecia estar envolvida em práticas religiosas extremas. Foram encontrados vídeos de rituais e práticas de degolamento no celular da mulher, reforçando a tese de que o crime foi motivado por crenças religiosas distorcidas.
Maria tentou resistir à prisão e, em um momento de desespero, tentou tirar a própria vida. Os policiais atiraram contra ela, conseguindo contê-la. Gravemente ferida, ela foi levada ao Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa, onde permaneceu em coma na UTI por quase um mês.
Foto - Redes sociais |
A Morte de Maria Rosália
Maria Rosália faleceu na madrugada do dia 17 de outubro, enquanto ainda estava internada em estado grave. A causa oficial da morte não foi divulgada, mas ela não resistiu aos ferimentos causados pelos tiros que a contiveram no dia do crime. Seu corpo foi liberado para a família e enterrado no cemitério de Itambé, Pernambuco.
A Revolta Popular
A história macabra, porém, não terminou com a morte de Maria Rosália. Na madrugada do dia 19 de outubro, apenas dois dias após seu enterro, o corpo da mulher foi desenterrado e queimado por populares revoltados. O cemitério de Itambé, que fica na divisa entre os estados de Pernambuco e Paraíba, foi invadido por um grupo de pessoas não identificadas, que realizaram o ato em um momento de retaliação pelo crime brutal que ela havia cometido.
O corpo de Miguel Ryan, que foi enterrado no cemitério de Pedras de Fogo, Paraíba, um dia após o crime, não foi alvo de vandalismo.
O Impacto na Sociedade
O caso de Miguel e Maria Rosália causou uma profunda comoção em todo o país. A brutalidade do crime e o contexto de ritualismo chamaram a atenção das autoridades e da população, que se mostraram chocados e indignados com os eventos. O perito Arthur Isidoro, da Polícia Civil, relatou o impacto emocional de ter que lidar com a cena do crime, afirmando nunca ter presenciado nada tão aterrador em seus anos de serviço.
O governador da Paraíba, João Azevêdo, e diversas autoridades locais expressaram suas condolências à família de Miguel e afirmaram que todos os esforços estão sendo realizados para elucidar completamente os fatos. O Ministério da Justiça e Segurança Pública também se prontificou a colaborar com as investigações, através do Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab), para analisar possíveis motivações e conexões do crime com cultos ou rituais religiosos.
Saúde Mental e Transtornos Psicóticos
De acordo com estudos revisados pela American Psychological Association (APA), transtornos psicóticos como esquizofrenia e depressão pós-parto psicótica são frequentemente associados a casos de infanticídio. Um relatório do National Institutes of Health (NIH) sugere que mães com essas condições podem experimentar delírios e alucinações, acreditando que estão sendo instruídas a agir de maneira violenta por vozes ou visões. Em casos extremos, as mulheres podem se convencer de que estão protegendo seus filhos de um destino pior, por meio de sacrifícios ou outras formas de violência extrema .
Impacto de Crenças e Ritualísticas
Estudos da Universidade de São Paulo (USP) mostram que crimes ligados a rituais religiosos ou crenças distorcidas são raros, mas quando ocorrem, muitas vezes envolvem a ideia de que o sacrifício é necessário para alcançar um objetivo espiritual ou sobrenatural. Em alguns casos, como em cultos extremistas, a influência dessas crenças pode ser exacerbada por transtornos mentais subjacentes. No caso de Maria Rosália, os vídeos encontrados sugerem uma possível influência de crenças ritualísticas que podem ter desempenhado um papel no crime .
Isolamento Social e Desconexão Familiar
Pesquisas publicadas na Revista Brasileira de Psiquiatria mostram que pessoas que vivem em isolamento social têm maior probabilidade de desenvolver transtornos mentais graves, como depressão ou psicose. A falta de interação social regular e de uma rede de apoio pode levar ao agravamento de sintomas psicóticos. Aparentemente, Maria Rosália vivia em um certo grau de isolamento, o que pode ter contribuído para a desconexão da realidade e a realização de atos violentos como os observados .
Conclusão
A morte de Miguel Ryan e os acontecimentos que seguiram à tragédia evidenciam o impacto de crimes hediondos na sociedade e a necessidade de investigação profunda. Enquanto a população de João Pessoa e Itambé lida com o luto e a indignação, as autoridades seguem com as investigações para entender melhor as circunstâncias que levaram a essa tragédia.
O caso continua sendo investigado pela Polícia Civil e peritos, que prometem divulgar mais informações assim que os laudos forem concluídos.
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