Uma cobertura completa do julgamento que busca justiça por um crime que chocou o país
Mais de cinco anos após o triplo homicídio que vitimou o ator Rafael Miguel e seus pais, o julgamento de Paulo Cupertino começou nesta quinta-feira (29), por volta das 11h, no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo.
Além do empresário, outros dois réus respondem no mesmo processo: Wanderley Antunes Ribeiro Senhora e Eduardo José Machado. Segundo o Ministério Público, eles teriam ajudado Cupertino a fugir e se esconder após o crime. Ambos também enfrentam julgamento neste mesmo dia.
A sessão é presidida pelo juiz Antonio Carlos Pontes de Souza, da 1ª Vara do Júri da Capital. O destino dos acusados está nas mãos do Conselho de Sentença, formado por sete jurados — quatro mulheres e três homens — sorteados antes do início do julgamento.
Ao todo, nove testemunhas de acusação e defesa foram convocadas para depor, mas uma delas, parente de Cupertino, não compareceu ao tribunal.
Filha de Cupertino relata violência e diz que pai tratava família como “pet”
Isabela Tibcherani emocionou o júri com depoimento sobre o dia do crime
O ator Rafael Miguel ao lado da namorada Isabela Tibcherani. Foto: Reprodução/Instagram @rafaelmiguelreal |
A primeira testemunha a depor no julgamento foi Isabela Tibcherani, filha de Paulo Cupertino. Em um depoimento marcado por forte emoção, a jovem relatou ao júri a relação conturbada com o pai, que não aceitava seu namoro com o ator Rafael Miguel. Segundo ela, a situação em casa era de constante controle e agressividade.
No dia do crime, Isabela contou que saiu escondida para encontrar Rafael, pois estava chorando e precisava vê-lo. O ator, acompanhado dos pais, foi até a casa da jovem com o intuito de conversar com a mãe dela. Porém, ao chegarem, quem atendeu ao portão foi Cupertino — alterado e agressivo.
Isabela relatou que foi puxada para dentro de casa com violência. Do lado de fora, Rafael tentava conversar, quando os disparos foram ouvidos.
“Foi tudo muito rápido. Ouvi os tiros, me abaixei, comecei a gritar ‘não, não’ e fui para fora”, disse, emocionada. Ao sair, encontrou o namorado e os pais dele caídos no chão. “Ele ainda respirava. Eu coloquei ele no colo e comecei a negociar com Deus.”
Durante o depoimento, que durou cerca de 1h20, Isabela compartilhou episódios de violência doméstica. Contou que, certa vez, Cupertino quebrou um prato de vidro em sua cabeça por causa de um cumprimento que o desagradou. Afirmou também que viveu sob isolamento, sem celular por quase oito meses, após o pai descobrir o namoro com o ator.
“Ele tratava a gente como se fosse um animal, como um pet”
afirmou ao júri. Ao ser questionada se desejava a prisão do pai, respondeu que sim. Por decisão judicial atendendo a pedido da filha, Cupertino não acompanhou o depoimento no plenário.
Tia de Rafael Miguel depõe e diz desconhecer ameaças ou relação com Cupertino
Testemunha afirmou que não sabia do namoro entre Rafael e Isabela
Após o depoimento da filha de Paulo Cupertino, o júri foi retomado com o testemunho da tia do ator Rafael Miguel, irmã de Miriam Miguel, mãe da vítima. Em uma fala breve de aproximadamente 20 minutos, ela compartilhou lembranças afetivas da família e disse que Rafael era como um filho para ela.
“Ele era um filho para mim. Todo mundo gostava deles”
declarou, visivelmente emocionada. A testemunha afirmou que não sabia do relacionamento entre Rafael e Isabela Tibcherani, filha de Cupertino, nem tinha conhecimento de qualquer ameaça à família.
A tia também afirmou nunca ter conhecido pessoalmente Paulo Cupertino, o que reforça o caráter abrupto e inesperado da tragédia para os familiares das vítimas.
Ex-esposa revela histórico de agressões e controle de Cupertino
Vanessa Tibcherani relatou rotina de violência e confirmou saber que o réu andava armado
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Vanessa Tibcherani, mãe de Isabela, relatou ter sofrido violência doméstica durante o relacionamento com Paulo Cupertino. Foto: Reprodução |
A terceira testemunha ouvida pelo júri nesta quinta-feira (29) foi Vanessa Tibcherani, mãe de Isabela e ex-esposa de Paulo Cupertino. Durante cerca de 1h20 de depoimento, Vanessa revelou um histórico marcado por agressões físicas, controle excessivo e ameaças constantes.
“Ele cortou minha roupa toda com um facão. Ele cortava e me batia”
contou a testemunha, que conheceu Cupertino aos 17 anos. Ao longo do relacionamento, sofreu diversas agressões, chegando a ter quatro costelas quebradas em diferentes ocasiões. Ela chegou a registrar um boletim de ocorrência, mas desistiu do processo por medo de represálias à sua família.
Vanessa relatou ainda que, ao descobrir o namoro da filha com o ator Rafael Miguel, Cupertino reagiu com violência e controle extremo: confiscou o celular da jovem e tentou tirá-la da escola. A mãe disse que chegou a perder o emprego por aparecer frequentemente com marcas das agressões.
Ela também afirmou que Cupertino andava armado, embora escondesse a arma
— “provavelmente para que as crianças não vissem”. Sobre Rafael Miguel, foi enfática: “Um amor de pessoa, menino do bem, de família. Nada que desabonasse ele.”
No dia do crime, Vanessa conversou com a mãe de Rafael por telefone, acreditando que apenas iriam levar Isabela de volta para casa.
“Não achei que trariam ela até a porta da minha casa.”
Segundo seu relato, Cupertino apareceu alterado, puxou a filha para dentro da residência, e logo em seguida, Vanessa ouviu disparos e gritos.
Ela afirmou que não viu o momento exato dos tiros, mas confirmou que, naquele momento, só estavam na frente da casa Cupertino e as vítimas. Também negou que tivesse alertado Cupertino sobre o paradeiro da filha ou que tivesse falado com ele no dia anterior ao crime.
Vanessa concluiu dizendo que o comportamento do ex-marido naquela manhã indicava que ele já aguardava a chegada da filha.
“Andava de um lado para o outro dentro de casa. Estava visivelmente alterado.”
Família de Rafael relata sofrimento e temor pelo comportamento de Cupertino
Depoimentos reforçam imagem de réu controlador e emocionalmente distante
Às 16h09, a irmã de Rafael Miguel iniciou seu depoimento no júri. Ela descreveu o irmão como uma pessoa sensível e revelou que, com o passar dos anos, percebeu um entristecimento crescente por parte dele, provocado pelas dificuldades do relacionamento com Isabela e, especialmente, pela postura rígida de Paulo Cupertino.
Segundo ela, a família temia mais pela integridade de Isabela do que pela de Rafael, dado o comportamento severo e controlador de Cupertino. A irmã do ator relatou ter tido uma relação próxima com Rafael
— “relação de irmãos”
— e que era como uma segunda mãe para a irmã mais nova. Foi ela quem teve a difícil missão de contar à menina, então com 13 anos, sobre a morte dos pais.
Ela destacou que os pais eram pessoas queridas na comunidade e que Isabela era bem aceita pela família, apesar das tensões com Cupertino.
“Ninguém imaginava que algo assim pudesse acontecer”, declarou.
Outro depoimento foi o de um tio de Rafael, que morava no mesmo quintal da família. Ele afirmou nunca ter presenciado brigas entre o sobrinho e Isabela, mas comentou que não via o relacionamento como algo
“normal”
Mais tarde, às 17h30, foi ouvida outra ex-companheira de Paulo Cupertino. Ela relatou que, no início do relacionamento, o réu era carinhoso e que a relação com os filhos era aparentemente comum. Descreveu Cupertino como exigente nos estudos dos filhos, aplicando castigos como retirar o videogame em caso de notas baixas, mas negou ter presenciado agressões.
Apesar disso, apontou que ele era uma pessoa emocionalmente fria:
“Era seco, não demonstrava afeto.”
Afirmou que soube do crime pela imprensa e que não foi procurada por Cupertino após o ocorrido. Durante os três anos em que ele esteve foragido, não manteve contato com ela ou com os filhos. Atualmente, disse manter comunicação com o réu apenas por causa dos filhos em comum, incluindo visitas ao presídio. O depoimento foi encerrado às 18h12.
Cupertino nega crime, se exalta e ignora perguntas do Ministério Público
Réu declarou inocência e afirmou que nunca teve acesso às vítimas
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Paulo Cupertino durante apresentação à polícia após ser capturado. Foto: Divulgação |
Paulo Cupertino prestou depoimento ao júri na noite desta quinta-feira (29), iniciando seu interrogatório às 18h35. De forma exaltada, ele afirmou:
“Impossível eu ter cometido esse crime”
Disse ainda que jamais teve contato com as vítimas no dia do ocorrido e desafiou a apresentação de imagens que o mostrassem atirando.
Durante a fala, negou ter conhecimento do relacionamento da filha, Isabela, com o ator Rafael Miguel. Ao ser questionado sobre episódios de violência, Cupertino negou agressões contra Vanessa Tibcherani, ex-esposa, embora tenha admitido
“uns petelecos no pé da orelha”
justificando com acusações de que ela teria
“problemas com álcool”
Visivelmente alterado, o réu foi interrompido diversas vezes pela própria defesa, que tentou contê-lo nos momentos em que se levantava nervoso ou interagia com os jurados. Cupertino recusou-se a responder qualquer pergunta feita pelo Ministério Público e pela acusação, limitando-se a falar apenas com seus advogados.
Mesmo os questionamentos feitos por sua defesa sobre o dia do crime foram ignorados por ele, que preferiu não se manifestar a respeito. O depoimento foi encerrado por volta das 20h45, após cerca de duas horas de sessão.
Wanderley Antunes afirma que Cupertino confessou crime após fugir para Sorocaba
Réu diz ter sido enganado e que teve a vida destruída pelo envolvimento com Cupertino
Às 20h50, o segundo réu do processo, Wanderley Antunes Ribeiro Senhora, iniciou seu depoimento no tribunal. Ele é acusado de ter ajudado Paulo Cupertino na fuga após o tripl0 h0micíd1o que vitimou o ator Rafael Miguel e seus pais.
Wanderley relatou que, no dia do crime, Cupertino apareceu em sua residência em Sorocaba (SP) visivelmente nervoso, pedindo ajuda para ser levado a algum lugar. Durante a conversa, ainda na garagem, o empresário teria dito:
“Eu dei uns tiros”
Apesar dessa fala, Wanderley afirmou que só soube dos assassinatos no dia seguinte, ao assistir a um noticiário na televisão. No depoimento, expressou arrependimento e frustração com Cupertino:
“Amigo não faz o que ele faz comigo. Não consigo fazer mais nada, minha vida virou um inferno. Paulo mentiu pra mim”.
O depoimento de Wanderley foi concluído às 21h50, encerrando a sequência de interrogatórios do dia.
Eduardo Machado admite depósito, mas nega envolvimento na fuga de Cupertino
Réu diz que dinheiro seria para advogado e afirma não lembrar de confissão por telefone
O último depoimento do dia foi do réu Eduardo José Machado, iniciado logo após o interrogatório de Wanderley Antunes. Eduardo confirmou ter feito um depósito de R$ 5 mil a Wanderley, mas negou que a quantia tivesse relação com a fuga de Paulo Cupertino.
Segundo ele, o valor seria destinado aos custos de um advogado para Cupertino. No entanto, Wanderley já havia afirmado anteriormente que o montante foi entregue em espécie no mesmo dia e usado para auxiliar o empresário na fuga.
Eduardo também negou ter se encontrado com Wanderley e rechaçou a versão de que teria entregue mais de R$ 5 mil. Questionado sobre um interrogatório anterior, no qual teria relatado que Cupertino lhe disse ao telefone
“eu matei 3 pessoas”
Eduardo alegou não se lembrar de ter feito tal declaração, apesar de o documento ter sido apresentado pela promotoria.
Encerramento da sessão
Com o fim do depoimento de Eduardo, o primeiro dia de julgamento de Paulo Cupertino e dos outros dois réus foi oficialmente encerrado às 22h30. O segundo dia de julgamento está previsto para seguir com os debates entre a acusação e a defesa, além das deliberações do júri.
2º Dia de Júri: Acusação confronta réu e pede justiça por Rafael Miguel
Promotor emociona jurados e exibe provas que reforçam tese de homicídio
O segundo dia do julgamento de Paulo Cupertino e dos outros dois réus foi retomado nesta sexta-feira (30), às 10h33, no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo. Nesta fase, os trabalhos entraram na etapa dos debates, momento em que acusação e defesa expõem seus argumentos diretamente aos jurados.
Segundo o Tribunal de Justiça, a fase de debates deve durar cerca de nove horas e permite o uso de fotos, vídeos, áudios e outros documentos constantes no processo.
A acusação foi a primeira a se pronunciar, representada pelo promotor Thiago Marin, que teve até 2h30 para apresentar sua tese. Em um discurso firme e emotivo, o promotor se dirigiu à família das vítimas presente no plenário e declarou com a voz embargada:
“Não há encarceramento maior do que viver com o luto de um familiar.”
Marin ressaltou o compromisso do Ministério Público com a responsabilização de Cupertino:
“Prometemos fazer de tudo para que a Justiça seja feita.”
Durante a explanação, o réu permaneceu em silêncio, atento, com as mãos unidas no colo.
Em momentos de maior tensão, o promotor bateu na mesa e acusou Cupertino de tentar escapar da Justiça com identidade falsa e mudanças de aparência.
“Mudou de nome, mudou de rosto, mas não mudou o caráter. Se não foi ele quem matou, quem foi?”
desafiou, olhando fixamente para os jurados.
Durante sua fala, Thiago Marin exibiu um vídeo com o depoimento de Joel Cupertino, irmão do réu, no qual relata que Paulo ficou
“no veneno”
ao saber que a filha, incentivada por Rafael, poderia seguir carreira artística. Também foram apresentados aos jurados documentos, imagens do local do crime e um laudo em 3D que aponta a direção dos disparos, conforme o croqui do processo. A acusação destacou que os tiros partiram da porta da casa da ex-companheira de Cupertino.
Fotos dos corpos das vítimas caídas na rua foram mostradas no plenário, provocando comoção e choro entre os presentes. O promotor também lembrou o histórico criminal do réu, que inclui furto, roubo e uso de veículo com placa clonada para fugir após o crime.
“Aquela família não merece um segundo luto [...] Hoje é o dia dos senhores fazerem o que o Brasil espera há seis anos”, concluiu o promotor, pedindo que os jurados encerrem de vez uma história que classificou como “violenta, bárbara e odiosa”.
A acusação concluiu sua apresentação às 12h35. O juiz suspendeu a sessão para o intervalo de almoço. O julgamento deve ser retomado às 13h30, com até 2h30 reservadas para a defesa apresentar seus argumentos.
Defesa de Cupertino ataca filha e diz que réu fugiu por “linchamento midiático”
Advogadas pedem absolvição e alegam falta de provas durante segundo dia do júri
O julgamento de Paulo Cupertino foi retomado às 14h desta sexta-feira (30) no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, com a apresentação da defesa. A equipe formada pelas advogadas Mirian Souza, Juliane Oliveira e Camila Souza teve até 2h30 para expor seus argumentos na fase de debates.
Durante a sustentação, a advogada Juliane Oliveira apresentou aos jurados uma carta escrita de próprio punho por Cupertino, na qual o réu reafirma sua inocência. A defesa pediu a absolvição de Cupertino, alegando que não há provas concretas que o incriminem.
Em um momento polêmico, a advogada criticou a filha do réu, Isabela Tibcherani, principal testemunha do caso.
“Ela não sabe o que é sustentar uma família”
afirmou, tentando desqualificar o testemunho da jovem. Em contraponto ao relato de agressões e distanciamento, a defesa sustentou que Cupertino era um pai carinhoso e dedicado, especialmente com os filhos e sobrinhas.
“Qual é o homem misógino que orienta os filhos a estudarem?”
questionou a advogada, defendendo o comportamento de Cupertino no convívio familiar.
Justificativas para a fuga
Sobre os quase três anos em que o réu esteve foragido, a defesa alegou que Cupertino fugiu por temer um “linchamento midiático”. Segundo ela, o réu passou por mais de 300 endereços em dez estados brasileiros, além do Paraguai e da Argentina.
“Como ele iria se entregar diante da pressão da mídia?”
indagou a defesa ao tentar justificar o longo período em fuga.
Conflitos sobre provas e perícias
Um ponto de tensão no plenário foi a discussão sobre um spray de pimenta encontrado entre os corpos de Rafael Miguel e da mãe, Miriam. A defesa questionou a falta de perícias e exames no réu, argumentando que antigos pedidos da defesa foram ignorados pela Justiça.
Ao tentar apresentar uma petição para realização de perícia nas cápsulas de balas e no spray, a advogada foi interrompida pelo juiz, que negou o pedido.
“É intempestivo e está sendo negado”
afirmou o magistrado, reforçando que a solicitação foi feita às vésperas do julgamento.
O promotor Rogério Zagallo respondeu que o spray de pimenta pertencia a Rafael, e criticou a tentativa da defesa de reabrir discussões periciais nesta fase do julgamento.
Vídeo da prisão e reação da acusação
A defesa ainda exibiu um vídeo da prisão de Cupertino, em 2022, no qual policiais comemoram a captura. A advogada acusou os agentes de se promoverem com a situação. A acusação reagiu com firmeza.
“Tem que comemorar mesmo”
disse o promotor Thiago Marin, seguido por Rogério Zagallo:
“Quem teve a vida desgraçada foram os familiares das vítimas, que estão ali na plateia.”
Encerramento
Por volta das 16h, a defesa de Paulo Cupertino encerrou sua apresentação com um pedido de absolvição.
“A defesa suplica por justiça. Para que ela seja feita, o acusado precisa ser absolvido”
afirmou a advogada Miriam Souza.
Caso o réu seja condenado, as advogadas solicitaram a pena mínima com possibilidade de recorrer em liberdade.
Fase final do júri tem confronto entre promotores e defesa de Paulo Cupertino
Ministério Público pede condenação, mas aceita absolver co-réus por colaboração
O julgamento de Paulo Cupertino e dos dois co-réus entrou em sua reta final nesta sexta-feira (30), com as últimas manifestações das defesas e a réplica do Ministério Público, seguida da tréplica da defesa de Cupertino. As sessões ocorrem no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo.
Defesa dos co-réus pede absolvição
Wanderley Antunes Ribeiro Senhora, acusado de favorecimento pessoal por ter ajudado Cupertino a fugir, teve sua defesa finalizada por volta das 16h15. Segundo seu advogado, Wanderley foi obrigado a prestar auxílio e apenas levou o réu de carro a um local. Relatou ainda que ouviu de Cupertino a confissão de que havia
“dado tiros em pessoas”
A defesa pediu sua absolvição.
No caso de Eduardo José Machado, o advogado Mario Oliveira alegou que seu cliente foi
“traído pela ingenuidade”
ao se envolver com Cupertino. Também solicitou a absolvição.
Os promotores Rogério Zagallo e Thiago Marin afirmaram que o Ministério Público concorda com a absolvição dos dois co-réus devido à colaboração que ambos prestaram ao longo do processo, ao confirmarem que ouviram de Cupertino a confissão do tripl0 h0micíd1o.
Promotor confronta Cupertino na réplica
Durante a réplica, o promotor Rogério Zagallo reafirmou o entendimento do Ministério Público de que Paulo Cupertino é o autor dos assassinatos de Rafael Miguel e seus pais.
“O Ministério Público diz há muitos anos que quem cometeu os crimes está sentado ali”
declarou, apontando diretamente para o réu.
Logo no início da manifestação, Cupertino optou por sair da sala, mas retornou pouco depois escoltado por dois policiais militares. Sentado no banco dos réus, manteve o olhar fixo no promotor.
Zagallo questionou as defensoras do réu sobre quem teria cometido os crimes caso não fosse Cupertino. Uma das advogadas respondeu:
“Cabe ao Ministério Público provar.”
A acusação insistiu que as provas, testemunhos e laudos confirmam a autoria do crime.
Tréplica da defesa: confronto com o MP
Na última etapa da fase de debates, a defesa de Cupertino teve mais duas horas para se pronunciar. A advogada Juliane Oliveira acusou o Ministério Público de construir a acusação com base em julgamentos de personalidade, e não em provas objetivas.
“Fizeram uma colcha de retalhos contra meu cliente”, disse.
Em resposta a comparações feitas no plenário, afirmou:
“Paulo é um cidadão comum, que não tem muito jeito de falar. Meu cliente não é um psicopata.” O promotor Zagallo reagiu na hora: “Não me compare a um assassino.”
A tréplica marcou o encerramento da fase de debates, antecedendo a votação final do júri.
Tréplica termina com defesa emocionada e jurados seguem para decidir destino de Cupertino
Advogadas comparam caso a Richthofen e questionam ausência de testemunha ocular
Durante a tréplica, encerrando a fase de debates no julgamento de Paulo Cupertino, o réu permaneceu sentado, com as mãos unidas sobre o colo, atento às falas de suas defensoras. O julgamento acontece no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo.
Em um momento mais pessoal da argumentação, Cupertino demonstrou abatimento ao comentar que se sentiu magoado por saber que sua filha, Isabela Tibcherani, optou por não usar mais o sobrenome
“Cupertino”
A advogada Juliane Oliveira comparou a situação ao caso Richthofen:
“É como o caso Richthofen”
disse, citando Suzane Von Richthofen, conhecida pelo assassinato dos pais.
Na sequência, a advogada Mirian Souza assumiu a fala, criticando a tese do Ministério Público de que os disparos teriam partido de dentro da casa. Segundo ela, não há testemunha ocular no caso.
“Existe testemunha de suposição”
afirmou, ao contestar a consistência das provas.
Último apelo da defesa
A defesa reiterou o pedido de absolvição, argumentando que uma eventual condenação puniria um inocente. A manifestação gerou risos entre os promotores Rogério Zagallo e Thiago Marin, o que levou o juiz a adverti-los. A advogada se mostrou visivelmente incomodada com a reação da acusação.
Ao final da fala, também foi feito um apelo para que, em caso de condenação, os jurados rejeitem as qualificadoras, como o motivo torpe. Durante esse momento, Cupertino permaneceu cabisbaixo, apoiando a cabeça na mão.
Jurados iniciam deliberação
Às 19h36, a tréplica da defesa foi oficialmente encerrada. Com isso, os sete jurados foram encaminhados para uma sala reservada, onde passarão a votar os quesitos do processo — que definirão se Paulo Cupertino será condenado ou absolvido.
Paulo Cupertino é condenado a 98 anos de prisão por triplo homicídio
Júri reconhece culpa pelas mortes de Rafael Miguel e seus pais; co-réus são absolvidos
Após dois dias intensos de julgamento no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, Paulo Cupertino foi condenado a 98 anos de prisão em regime fechado pelo assassinato do ator Rafael Miguel e dos pais dele, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Miguel, em junho de 2019.
A sentença foi lida na noite desta sexta-feira (30). Segundo a decisão, Cupertino foi considerado culpado por três homicídios triplamente qualificados. O fato de ter permanecido foragido por quase três anos foi considerado um agravante pela Justiça, influenciando diretamente na fixação da pena.
Os outros dois réus do processo, Wanderley Antunes Ribeiro Senhora e Eduardo José Machado, acusados de terem ajudado Cupertino a fugir, foram absolvidos. O Ministério Público já havia indicado que aceitaria a absolvição dos dois, considerando que ambos colaboraram com o processo ao confirmarem que ouviram do réu a confissão dos crimes.
Com a condenação, Paulo Cupertino deverá cumprir a pena inicialmente em regime fechado. Ele foi escoltado de volta ao presídio após o anúncio do veredito.
A decisão encerra um dos casos de maior comoção e repercussão no país nos últimos anos. O Diário da Cidade seguirá acompanhando os desdobramentos jurídicos da pena e eventuais recursos da defesa.
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